SERGINHO POETA | Curta Saraus
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SERGINHO POETA

Published at 20:27 in ,

Meu Espaço

Tenho, cá, o meu espaço

Poucos sabem que existo

Mas no pedaço que me foi designado

Sou amado, ou no mínimo bem quisto

Sou um privilegiado

Porque tenho um ganha pão

Já troquei a madeira por tijolo

E, minha casa, já não chamam barracão

Planto sorrisos pra colher tranqüilidade

E nesse canto da cidade que mal falam por aí

Ponho a cama na varanda

E na ciranda do tempo

Eu me mexo devagar

Pois, chegar, eu já cheguei

Se pro mundo eu não sou nada

Aqui, me sinto um rei

(primeiro poema recitado em público)

FABIANA (recitando Serginho Poeta)

Sou Destro

Sou destro

De pé, de mão e de resto

Principalmente de pensamento

E embora minha certidão de nascimento

Não ateste tal debilidade

No ato da criação

Meu cérebro foi dotado

Somente pela metade

Na parte direita

Onde cabe a emoção

E o que importa?

O fato é que isso ninguém aceita

Senão como incapacidade

Poderia eu bater à porta

De todas as empresas dessa cidade

Que, como poeta

Jamais teria a carteira assinada

Para o critério dos RHs

Poeta não vale nada

Sou franco

Meu poema é mera franquia

Do que chamam sentimento

Um filme em preto e branco

Um plágio

Meu coração é um instrumento

Guardado numa caixa escrito frágil

Mas tais sentimentalidades

Me levam ao extremo

Nos rios de lágrimas que derramo

Lanço meu barco sem remo

Sou levado ao meu legado e não reclamo

Da vida a mim destinada

Pois sendo eu poeta

Não almejo ser mais nada

Sou anônimo

Poeta é meu único pseudônimo

Não tenho meu nome em dourado

Gravado na capa de um livro, em relevo

Mas não é por isso que eu vivo

Tampouco que escrevo

Tal fato a arte não me cobra

Portanto não me seduz

Quem quiser ter minha obra

Posso dar poemas crus

Escritos à mão e à caneta esferográfica

Não me agrada ver minhas letras

Impressas por frias peças tipográficas

Te escrevo quantos poemas julgar preciso

Noite adentro, madrugada afora

Materializo seu sentimento

Se antes não for embora

Mas, por bem, então te aviso

Enxugue depois as suas lágrimas

Conheço bem estas lástimas

Também sofri tal desventura

Mas continuo vivendo

E talvez seja este o preço

Que tenho a pagar, criatura

Não quer ser apenas mais um

Em meio a tantos

Simplesmente uma partícula

Ter a vida separada da miséria

Por uma mísera película

Entretanto

Se aborda uma jangada

Assim tão naufragável

Encante-se com o mar ao seu redor

Não torne seu viver tão miserável.

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